sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Boa Ideia!

Que boa ideia para quem costura.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Resposta dos Koans não Deve Ser Revelada.

Muito além dos koans tradicionais outros podem ser inventados.

 A curiosidade pelos koans não é na técnica e sim na resposta. O que intriga as pessoas é como responder o koans. Qual a resposta do kaon?


Mas as respostas dos koans não devem ser compartilhadas por quem já os respondeu. A resposta dada ao professor de koans deve ser mantida em segredo. Quando você dá uma resposta correta você não deve contá-la “abrir o koan” para ninguém mais. Cada um deve fazer o caminho por si só, por seu próprio esforço. Ter sua própria experiência com os koans.



Eu não vou contar as respostas dos koans que já respondi nem o que descobri  sobre eles pois isso seria como trair a confiança que o mestre depositou em mim. Da mesma forma que aqueles que um dia tiveram a oportunidade de “bater koans” ou de ir a uma entrevista de koans, com um mestre autorizado a dar koans, não devem abrir suas respostas para mais ninguém.

Há alguns anos tivemos um professor de kaons que vinha ao Brasil. Vi e ouvi varias pessoas que depois das entrevistas de koan e no final dos retiros comentavam entre si e trocavam respostas: ” E ai, você conseguiu responder? Qual foi o seu koan? Eu respondi isso e você?

Parece que essas coisas só acontecem no Brasil, pois não vejo esse tipo de comportamento imaturo ou infantil em outros lugares que frequento fora daqui. Então quando falo de como seria bom alguém vir novamente para ensinar no Brasil tenho a sensação que eles pensam: ”Ah, no Brasil! Vocês não são confiáveis.”

Há pessoas que no passado se aproveitaram das técnicas ensinadas para transformá-las em terapia agregada a outras terapias e ganhar dinheiro. Então, olha só que imagem temos: não somos confiáveis. Só queremos pegar a manha da coisa para aplicá-la em algum outro lugar e se dar bem. Seguir um treinamento que pode levar anos não, isso não serve. Queremos pular etapas, dar um jeitinho.  Essa é a imagem que temos.

E isso atrapalha muito nossa evolução em todos os sentidos por que ao invés de usarmos nossa esperteza para fazer boas ações (bom carma) a usamos para fazer coisas que atrapalham ou prejudicam muito o caminho de tantos que poderiam ter acesso a esse tipo de ensinamento. Não temos credibilidade, não inspiramos confiança, quem vai querer vir aqui ensinar koans se depois vamos sair por ai tagarelando. Se não vamos resistir à tentação de nos exibir contanto a resposta para alguém. Como quem diz: “Eu consegui e você não.”

Se você quer ter acesso a essa técnica antes precisa se perguntar: ”Sou confiável?”
“ Vou manter a resposta do koan em segredo?”

Pegar uma técnica e usa-la como meio lucrativo, bem isso já foi feito com muitas coisas: yoga, meditação, karate, tai chi, ki kung .... não é novidade e muitos outros já o fizeram em vários países.



quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Uns demais outros de menos.

Moktak vendido na rua, na Coreia.





Esse instrumento chamado moktak que usamos para marcar o ritmo dos cantos na Escola Zen Kwan Um, na Coreia é vendido na rua e aqui a gente fica só na vontade de ter um. Imagino que deva ser bem em conta por lá o que não é em conta é ir até lá. Se alguém algum dia for para Coreia traga alguns para cá. Os grande são os melhores, com acústica melhor. Eles tem demais e nós, de nada.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Se você não gosta de koans não gosta da vida.



A conversa abaixo deu-se em uma entrevista durante retiro na Noroega:
O professor era Mestre Zen Wu Bong.


Aluno: Não gosto de koans. Por isso venho pouco às entrevistas. Você pode me dizer alguma coisa sobre isso?

MZWB: Koan não é nada especial. Cada situação do seu cotidiano também é um koan. Se vc. não gosta de koans, vc. não gosta da vida. 

Então deixe de lado "gosto e não gosto". Quando o koan aparecer, apenas responda. Se a resposta correta não aparecer, volte para "mente que não sabe". No seu dia-a-dia é o mesmo. Se alguma situação não está clara para vc., volte para a "mente que não sabe".


Aluno: Obrigado.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Onde posso Estudar Koans no Brasil?

A reposta é muito simples. - Não pode. 


Porque não temos professores que ensinam nesse estilo residindo no Brasil. Então quem quiser estudar koans terá que ir para fora do país, como tenho feito há alguns anos.
O estudo dos koans na Escola Kwan Um  só é possível através de um mestre autorizado a ensinar koans.

Quando as pessoas me procuram para saber como estudar koans elas descobrem que eu sendo uma aluna e não uma Mestra não posso ensinar  koans. Posso falar sobre o que li mas não posso "bater koans" com as pessoas porque só um mestre que recebeu a Inka e passou pelo treinamento de entrevistas com koans pode faze-lo. Isso pode ser frustrante, a primeira vista, mas é assim que funciona. Faz parte de um processo. não há como pular etapas.
Até para pular corda precisa um certa preparação senão você se enrola e pode se machucar.
 Mas essas pessoas, ao saberem que não será facíl ter acesso aos koans, nunca mais fazem contato.Não que eles sejam secretos. São públicos e estão disponíveis na internet.



Mestre Zen Seung Sahn em entrevista de Koans


Sugiro as pessoas que inciem-se na pratica fazendo as demais atividades: meditação sentada, cantos, prostrações, pois é importante estar praticando formalmente para depois ter a experiência com os koans. 

A pratica não é só "bater koans" nessa Escola. Os koans são apenas parte do processo. São uma ferramenta para trainamento assim como o zazen, os cantos e as prostrações. Todos esses elementos fazem parte da pratica e não se deve dar maior peso a um em detrimento do outro. Assim como a presença ou não de koans na pratica não deveria ser um obstáculo para alguém querer iniciar-se nessa pratica. A pratica formal é importante para dar estabilidade a mente e chegar na frente do mestre para bater koans com ele com firmeza e comprometimento. Bater koans não é uma brincadeira, mas também não precisa levar tão a sério. É como tornar-se um bobo sem sê-lo. A mente que "não sabe" é que bate koans e não a mente racional. Com a mente racional você pode fazer todas as outras coisas do dia a dia menos responder koans.

Quando o professor percebe que há um entusiasmo exagerado em alguma das praticas ele vai puxar o seu tapete para que você volte a realidade de uma pratica equilibrada. 

O que é crença?

Mestre Zen Seung Sahn e MZ  Dae Kwan


Em uma viagem pela Europa na primavera de 1978, Soen Sa Nim deu palestras sobre kong-ans a cada manhã para um pequeno grupo de estudantes que viajavam com ele. Em Berlim Ocidente, Diana Clark teve está conversa com Soen Sa Nim


Diana (D): Eu gostaria que o senhor falasse um pouco mais sobre crença. O que é crença?
Soen Sa Nim (SS): Quantas mãos vc. tem?

D: Duas.
SS: Quantos dedos vc. tem?

D: Dez.
SS: Como vc. os usa?

(Diana bate palmas) 

SS: Correto. Isso é crença. Eu tenho dedos, eu tenho mãos- sem pensamentos. Somente ação. Minhas mãos e eu nos tornamos um com todos; não há pensamentos. Vc. acredita em seus olhos? Como? (rindo)
 Que cor é aquela?

 D: Branco.
SS: Branco. Isso é crença.

D: Ok. Eu entendi isso. Mas o senhor diz que devemos acreditar em nós mesmos 100%, ou se nós não acreditamos em nós 100% como vamos acreditar em Buda, ou numa árvore, ou no nosso professor, ou em alguma coisa. Então é assim, ok. Como eu posso fazer isso? Eu acho que vc. não pode simplesmente tomar a decisão de acreditar. Eu sei o que é o branco pq. eu vejo que é branco. Eu sei que eu posso acreditar em Buda, mas... Eu não estou certa. O que eu posso fazer para não ser muito insegura na minha crença? 

 SS: Vc. quer acreditar em alguma coisa, isso já é um erro. Então, ponha tudo de lado e a verdadeira crença aparecerá por si mesma. Muito simples. A mente que quer alguma coisa não pode acreditar em nada. Jogue fora está mente que quer. Tente!

D: Tentar o quê? Podemos tentar acreditar? 

SS: Não! Não! Eu não disse tente acreditar. Apenas tente. "Apenas tente" significa somente ir confiante sem saber, eu não sei o que significam aquelas suas ideias sobre esse mundo desaparecer. Quando as suas ideias desaparecerem, então, vc. e esse mundo se tornam um. Assim, na verdade, crença não tem “acreditar em algo ou não acreditar em algo” .
Esta é a mente una, "a mente que tenta", ir confiante, é "a mente que não sabe" e a mente que põe tudo de lado.
Mas muitas pessoas se prendem aos seus pensamentos: “ O que ele pensa sobre mim? Eu penso isso sobre ele.”
Se prender a isso cria oposições onde originalmente não havia problema.

D: Obrigada. Eu percebi que “fazer acreditar” e “tentar acreditar é errado”. 

SS: Acreditar é apenas uma um palavra para ensinar. Não se apegue às palavras, ok?

D: Ok. Muito obrigada.

(Tradução minha)

Mestre Zen Seung Sahn [Revista Primary Point]

Originais da Bússola do Zen



Um amostra do original do livro Compasso do Zen (The Compass of Zen) do MZ Seung Sahn.

E outro do livro dado aos que recebem 10 preceitos; The Dharma Mirror.
Atualmente eles recebam uma cópia digitalizada.

Mais originais aqui


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Costurando Zafus

Levei alguns meses estudando: O melhor tecido, moldes, como costurar. Algo que parecia ora simples ora complicado foi se desenhando a cada passo. Estava tudo pronto: o tecido ideal, os moldes mas faltava coragem de costurar. E se não desse certo? Enfim a coragem veio a conta gotas, mas veio e costurei o primeiro zafu. Ainda não ficou do jeito que queria mas já dá para ter uma ideia do que melhorar nos próximos. Aprender é assim, exige treino. Você faz e falta alguma coisa. Continua fazendo até ficar bom, porque nem penso que fique perfeito. Só penso que se for fazer disso uma fonte de renda ai sim terei que dar um acabamento melhor, mas se for para uso interno: em casa ou em grupos daqui a pouco vou ter algumas almofadas disponíveis para chamar alguém para sentar comigo. Ai, vem o segundo porém. Onde?

Um dos maiores problemas em se iniciar um grupo não é nem querer ou poder, mas achar um lugar e convencer as pessoas a ajudar a custear os gastos, caso seja necessário alugar uma sala. Mas as coisas vão se arranjando aos poucos. Alguém pode ter um lugar para emprestar. Podemos nos associar com alguém do karatê, aikido, yôga, etc.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Formas Diferentes de Pratica são como Flocos de Neve.

Quando estive em retiro no Mosteiro de Wong Kwang Sa, no interior da Hungria,no final do inverno, fez pouco frio nesse período. Um dia nevou bem fininho. Os flocos pousavam no meu casaco preto.Pude observar a forma do floco. Um deles era assim como o do desenho ao lado. Depois nevou mais e os flocos eram bolinhas de gelo. Fiquei intrigada.  Então quando neva pouco são plumas, quando neva bastante são bolinhas? Sei lá, nunca tinha reparado nesse detalhe. Em WKS fazemos a pratica no mosteiro, refeições, banho, etc, mas dormimos em uma casa há 300 m do mosteiro. Em Providence Zen Center tudo é feito no mosteiro sem necessidade de sair para fora do prédio principal. Pessoalmente gosto mais do fazer todas as praticas no mesmo lugar. Ambas situações exigem adaptação.

Formas diferentes de pratica são como flocos de neve. Há milhares de formas de flocos e há muitas formas de pratica. Cada lugar adota a forma que precisa para que a pratica seja possível para todos. A cada um cabe apenas seguir a forma sem questionar se essa é melhor ou aquela outra. Comparações surgem na mente apegada. O "gosto" "não gosto" faz parte, mas com o tempo aprendemos a nem gostar nem desgostar:

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Sugestão de Livro sobre o Zen Coreano: O Caminho do Zen Coreano


O autor, Kusan Sunim (1901-1983) era o Mestre Residente do Song-Gwang Sa, um dos maiores mosteiros na Coréia do Sul. Ele foi o primeiro professor Zen que aceitou treinar estudantes ocidentais num mosteiro coreano. A extensa seção introdutório do livro foi escrita por Stephen Batchelor, autor do "Budismo sem Crenças". Há duas seções principais do livro, a introdução de Stephen Batchelor, e a maior parte do livro de Mestre Kusan. A parte introdutória explica a história de como Zen espalhou-se pela Coréia do Sul, a vida em um mosteiro da Coréia, a biografia do Mestre Kusan, e várias observações sobre o resto do livro. Os dois últimos terços do livro são traduções dos ensinamentos do Mestre Kusan, e são em quatro partes: Instruções para Meditação, discursos de um retiro de inverno, conselho e incentivo e As Dez Figuras do Vaqueiro. Existe também um glossário muito breve .. Mestre Kusan ensina o método Hwadu de meditação. A meditação Hwadu é um pouco semelhante a meditar sobre um koan, mas não há uma diferença. Um Koan é geralmente uma situação de completo ou histórica, enquanto o hwadu é apenas a questão central envolvida. Por exemplo, um koan muitas vezes envolve personagens e situações específicas, é toda uma história, enquanto o hwadu é apenas a pergunta: "O que é isso?", Ou algo nesse sentido. Ele explica que a meditação hwadu significa manter essa pergunta na linha de frente de sua mente sem parar, enquanto vive sua vida. Tudo que você faz envolve essa questão e deve aplicar a essa pergunta. Parece ser uma forma super-desafiante de atenção e concentração. A seção sobre o retiro de inverno é uma coletânea de seus ensinamentos e palestras proferidas durante um retiro de quatro meses durante um retiro de inverno. Há vários temas e assuntos, mas, novamente, centro de muitas deles é a meditação hwadu. Esta é a maior seção do livro, e inclui muitos conselhos e sabedoria. A parte final do livro é a explicação de Kusan sobre as famosas Dez Figuras do Vaqueiro. Parece que Kusan não acrescenta nada de que outros já falaram sobre as Dez Figuras do Vaqueiro. No geral, é um bom livro. A introdução histórica e foco na hwadu são interessantes, é sempre difícil de explicar realmente "koan" meditação de uma forma coerente, mas Kusan discorre bem e cuidadosamente. Existem algumas diferenças superficiais entre Zen japonês e zen coreano, mas nada realmente se destacou para mim como particularmente significativo.

Resenha feita por Brian Schell em Daily Buddhism. Traduação e edição minha.

domingo, 12 de agosto de 2012

Sugestão de Livro Estilo Kwan Um Zen: Dez Potões de Koans



Ten Gates (Os Dez Portões) é um livro sobre os dez tradicionais koans. Comentados pelo Mestre Zen Seung Sahn. Ele reúne cartas de alunos que o escreviam enviando uma tentativa de solução dos seus koans. Em inglês chama-se "homework koan". O Mestre lhes responde dizendo se estão no caminho certo ou não. Hoje isso seria feito via internet: chat ou skype. Naquele tempo não havia internet então os alunos se comunicavam com o Mestre, quando distantes,  através de cartas ou do telefone.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Bossa Zen Entrevista: Barry Briggs







Barry Briggs é professor Bodisatva na Escola Zen Kwan Um. Praticante nesta Escola há 20 anos ou mais ele vive em Seattle com sua família. Atende ao Centro Zen Ocean Light e é aluno do Professor, Mestre do Dharma, Tim Lerch. Eu não o conheço pessoalmente, mas nos esbarramos na saída de um retiro de inverno esse ano em Providence Zen Center. Eu saia do retiro e ele entrava, portanto não creio que ele lembre de mim. Eu mesma achei que já tinha visto aquele cara em algum lugar mas só depois me dei conta que era ele. Barry é bastante conhecido pelo seu blog Ox Herding.


Enviei-lhe algumas perguntas bobas, que talvez ele nem quisesse responder, mas, ele foi muito gentil e respondeu as que enviei e muitas outras. Por isso ele está dando início a este projeto de entrevistar alguns alunos, praticantes ou até mesmo simpatizantes do Budismo, bem como professores.


Na medida que eles me enviarem as respostas, os que enviarem, serão publicados aqui. Agradeço ao Barry pela colaboração nesse projeto.



BZ: Conte-nos quem foi Barry Briggs antes de entrar para o Caminho Zen?

 
Antes de começar o treinamento Zen, eu tinha uma vida ativa como executivo na indústria de software de computador e como marido e pai. Depois que eu comecei a praticar Zen, eu continuei a trabalhar na indústria do software e honrar minhas obrigações familiares.



BZ: Você atualmente é Professor Bodhisattva. Explicar o que significa e qual o papel de um professor Bodhisattva?


 Dentro da Escola Zen Kwan Um, o professor do dharma senior pode (com a autorização do seu professor) receber os 48 Preceitos do Bodhisattva (além de 16 preceitos do professor de dharma senior). Esses preceitos de bodhisattva vêm da Brahma Net Sutra, um texto antigo em sânscrito que fornece um guia para a libertação de ganância, raiva e ilusão.

 
Libertação significa que podemos usar nossa vida para ajudar a todos os seres.
Assim, um professor bodhisattva promete ir além das preocupações pessoais e de trabalho para o benefício da sangha e de todos os seres. Na Escola Zen Kwan Um,  o professor bodhisattva pratica regularmente no Centro Zen, é voluntário de várias maneiras: consultaria de entrevistas, e pode guiar retiros (com autorização do professor orientador). 



Muitos anos atrás, o nome de Professor Bodhisattva era "Monge Bodhisattva." (Talvez 25 anos atrás.) Naquele tempo, os 64 preceitos eram dados a pessoas que queriam ordenar-se como um monge ou monja, mas não podiam deixar a sua situação mundana (talvez eles tivessem filhos ou pais idosos).

No entanto, hoje em dia, os preceitos de Professor Bodhisattva são tomadas por pessoas que sentem uma profunda ligação com a sangha e que dedicam suas vidas para a libertação dos outros.



BZ: É muito parecido com a função dos monges e monjas? Você já quis ser monge?


Apesar de a "forma exterior" de monges e professores bodhisattva ser diferente, os dois: monges e professor bodhisattva tem o mesmo "trabalho interno" - que é praticar muito e ajudar todos os seres, especialmente ajudar a sangha.


Nunca cogitei ser monge porque tinha que cuidar da minha família. Agora não tenho mais idade para ser ordenado, mesmo que quisesse.


BZ: Não sabia que tinha um limite de idade para ser ordenado monge em nossa Escola.

Sim, ambos da Escola Zen Kwan Um e a Ordem Chogye (Escola Zen Kwan Um é parte da Ordem Chogye) têm um limite de 50 anos de idade.

BZ: Por que há cada vez menos monges em nossa Escola, no Ocidente, o os que o são tendem a retornar seus votos?

Eu não posso falar com autoridade sobre este assunto, pois eu nunca fui um monge. No entanto, eu sei de vários atuais e ex-praticantes monásticos,  e por ter falado com eles sobre este tópico.

É importante reconhecer que a Escola Zen Kwan Um desenvolveu uma comunidade monástica de sucesso na Coréia do Sul, centrada em nosso templo principal, Mu Sang Sa. Além disso, ainda há um punhado de monges na América do Norte e Europa.


O caminho monástico depende do apoio e incentivo de uma comunidade leiga. Na Ásia, essas comunidades já existem há mais de 2.000 anos, mas a maioria das pessoas ocidentais nunca encontrou um monge ou monja (de qualquer tradição espiritual). Como resultado, as pessoas leigas mais ocidentais não entendem as exigências da prática monástica. Isso torna difícil para um monge ou monja para sustentar a sua vocação no Ocidente.



BZ: Você está conectado ao Ocean Light Zen Center. Você já pensou em ter seu próprio Centro Zen ou você acha que este não é o seu caminho?

Eu teria dificuldade para sustentar minha prática sem o apoio de uma comunidade de companheiros praticantes. Como membro da comunidade do Ocean Light Zen Center e um estudante comum  do Zen, eu não consideraria começar o meu próprio centro zen. No entanto, se eu fosse morar em uma cidade que não tem um centro zen  local, então, eu iria certamente começar um!



BZ: Em sua longa trajetória na KUSZ, mais de 20 anos, você já fez retiros de 90 dias, retiros individuais, e foi viver na Coreia do Sul? O que você sente que ainda falta em sua prática diária ou formal. Ainda tem dificuldade para sentar-se?

Minha prática diária sentado manteve-se estável durante um certo número de anos. Todas as manhãs eu faço 108 prostrações, um dos cantos, e medito por um período sentado. Eu também leio a partir de um texto budista ou um livro todos os dias. Assim, a minha prática diária parece completa, pelo menos em sua consistência.

Nem todo mundo pode participar de retiros longos (de uma semana ou mais), mas tais retiros têm sido importantes na minha própria formação. Na verdade, às vezes me pergunto se eu poderia sustentar a prática diária regular, sem a estabilidade desenvolvido em retiros mais longos.

No início deste ano tive a sorte de viver em Cambridge Zen Center por um mês e práticar duas vezes por dia com essa comunidade maravilhosa. Estas comunidades só existem por um motivo: ajudar as pessoas a praticar todos os dias. Espero que todos possam praticar regularmente em seu centro local Zen, se ele oferecer treinamento residencial ou não.


Tive a maravilhosa oportunidade de visitar várias vezes a Coréia do Sul nos últimos 20 anos, mas eu nunca vivi lá.

BZ: Por favor, fale sobre a importância do kong ans em nossa Escola. (Escola Zen Kwan Um)

Eu não sou a melhor pessoa para fazer isso, pois não estou autorizado a ensinar kong-ans. Mas eu vou oferecer o meu entendimento inadequado.

Como todo mundo, minha mente tem formas habituais de se relacionar com experiência. Esses hábitos se manifestam como ilusão, raiva e desejo, e produzem sofrimento - não só para mim, mas para aqueles que eu encontro.

O treinamento com Kong-ans dissolve esses hábitos mentais, criando uma experiência direta de "não sei". Não-saber corta o pensamento, as opiniões, ideias, medos e dúvidas. Na Escola Zen Kwan Um, nós chamamos isso de "substância" e a minha substância e a sua substância é a mesma. Antes de pensar, nós somos o mesmo.

muitos nomes para "não sei" em tradições espirituais ao redor do mundo. Alguns chamam isso de amor, Deus ou Tao, ou a natureza de Buda ou Espírito Santo ou vazio. Esses nomes apontam para a mesma coisa: a mente antes de pensar.

O treinamento com Kong-ans cria uma experiência direta de "não sei" a partir do qual algo novo e fresco pode aparecer. Quando nos tornamos livres de hábitos mentais, mesmo que apenas por um momento, nós podemos diretamente aliviar o grande sofrimento dos outros.

Algumas pessoas resistem ao treinamento com kong-ans, mas kong-ans não são diferentes da própria vida. A vida sempre apresenta situações onde o pensamento não vai ajudar. Se podemos entrar em "não sei" nesses momentos, então podemos usar a situação para beneficiar o mundo todo.



BZ: Por que os alunos devem bater no chão antes de responder um kong-an?

Os alunos batem no chão, a fim de retornar "Ponto Principal"  É como apertar o botão "Limpar" em uma calculadora pessoal - Ele limpa a calculadora para que um novo cálculo correto possa ser feito.



 BZ:O que te motiva a manter três blogs sobre Zen Budismo: Ox Herding, Go Drink Tea, e Zen Woman?

 
Eu tenho três blogs, mas eu só escrevo regularmente (cinco dias por semana) para o Ox Herding

Alguns anos atrás, juntei as histórias disponíveis de mulheres praticantes Zen na Dinastia Tang na China. No começo eu pensei que eu iria publicá-los em um livro, mas, como a tecnologia do blog surgiu, eu decidi, em vez de publicar um livro, colocar todas as histórias em um blog para que outros pudessem acessá-las livremente. Minha esperança é que estas histórias venham a inspirar especialmente as mulheres a se tornarem líderes em suas comunidades de prática.

Desenvolvi Go Drink Tea! como um lugar para reunir kong-ans, que tinham importância na minha vida. No entanto, ao longo dos últimos anos eu raramente tenho postadas neste blog.

Ox Herding serve como um diário pessoal da prática e da vida cotidiana. No blog, eu não me apresento como um professor bodhisattva ou como alguém especial. Como resultado, eu posso escrever sobre um vasto leque de temas, desde a arte de viajar, e do budismo para o relacionamento. O blog se concentra especialmente sobre o que significa ser um ser humano responsável.


 

Sugestão de Livro sobre o Zen Coreano



Richard Shrobe é mestre zen na Escola Zen Kwan Um. Ensina no Centro Zen de Nova Iorque. Esse livro reune uma série de palestras do dharma proferidas por ele e transcritas para o formato de livro.